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quinta-feira, dezembro 22, 2011

Para seguir minha jornada - Chico Buarque


Doze anos depois de lançar a biografia de Chico Buarque, a jornalista Regina Zappa volta a se debruçar sobre a obra de um dos cantores e compositores mais importantes do país, é o que ela conta em entrevista à coluna impressa em nossa revista ÉPOCA, que chega hoje às bancas. Em Chico Buarque: Para Seguir Minha Jornada, que ela lança esta semana, Regina traça um perfil recheado de casos e curiosidades sobre a vida do dono dos olhos mais falados da MPB. “É difícil pensar o Brasil sem o som, os versos e as palavras de Chico”, diz ela.
Como você o conheceu?
Em meados dos anos 80, fui cobrir um encontro do ministro da cultura em Moçambique, e o Chico estava presente. Foi a primeira vez que nos vimos e me encantei. Ele ia muito a Cuba, meu pai (Ítalo Zappa) foi embaixador lá, e no aniversário de 90 anos de Oscar Niemeyer sentamos à mesma mesa. Assim fomos tendo contato e viramos amigos.
Ele é conhecido por não dar entrevistas. Por que com você o Chico fala?
É um pouco lenda essa história; o Chico fala, sim. Ele me disse que tinha uma época em que lia jornal de capacete, porque percebia uma onda de criticas para todo lado. E em outros momentos, era endeusado. Tem também aquele episódio do paparazzo que o fotografou dentro do mar, que é lamentável. Acho que ele guarda ressentimentos de determinados veículos.
O Chico é muito tímido?
Ele não é nada tímido, talvez seja um pouco reservado. Ele é muito engraçado, fala para caramba. Certa vez, uma estudante de Florianópolis me ligou porque estava fazendo uma monografia sobre O Grande Circo Místico e tinha que falar com o Chico para o trabalho ficar completo. Mandei um e-mail para ele contando a história. Dias depois, a menina me ligou eufórica agradecendo, porque o Chico tinha ligado e eles bateram um longo papo.
Como teve acesso ao acervo dele?
Quando estava terminando a biografia dele (Chico Buarque Para Todos, lançado em 1999) morreu a tia dele, irmã de seu pai, Sérgio Buarque de Holanda. E eu fui com a Miúcha, que é minha amiga, à casa da tia. Lá descobrimos vários armários com capas de revistas, diversas reportagens, recortes de jornal, fotos de família, tudo sobre o Chico. Eram pilhas e pilhas de material. A Miúcha me deu tudo, mas eu já tinha terminado o primeiro livro. Então fiquei com um acervo maravilhoso, cheio de boas histórias, que decidi trazer à tona agora.
Que histórias são essas?
Ainda na faculdade, Chico fundou um grupo chamado Sambafo. Ele e os outros integrantes adoravam ir à Bahia. Numa dessas viagens, eles estavam precisado de dinheiro e o Chico foi para o meio de uma praça cantar, com óculos enormes, fingindo que era cego, para ver se recolhia algum dinheiro. Deu certo, mas ele garante que depois deram tudo para os mendigos da região. No livro ele conta que nunca teve uma rixa com o Caetano, coisa que se falava muito no final dos anos 70. Em outra ida a Salvador, ele conheceu o dono de uma loja de discos, que tinha ninguém menos que Gal Costa como vendedora. Eles ficaram amigos e foi esse senhor quem teve a ideia do musical Chico & Caetano, em que eles desfizeram essa suposta rivalidade. (Revista Época)

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