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domingo, janeiro 07, 2018

A primeira projeção de um filme brasileiro


O Cassino Fluminense funcionava onde hoje existe o prédio do Edificio Profissional,  na rua do Imperador,  Centro de Petrópolis.  No local,  existe essa placa comemorativa (1897 -1997) .

"Gazeta de Petrópolis” de 1º de maio de 1897 emocionava a sociedade petropolitana com esta deveras sensacional notícia:
'O povo petropolitano vai ter amanhã um brilhante espetáculo no Cassino Fluminense. É a exibição do cinematógrafo, do genial Edison, que tanto sucesso tem causado em várias partes do mundo.
A estupenda maravilha é produzida pela eletricidade e reproduz com a maior fidelidade todos os atos e movimentos das coisas e da vida animada em tamanho natural, impressionando a todos quantos têm assistido a tal gênero de diversão'.

E na última página da mesma 'Gazeta', lá estava o anúncio pormenorizado da função:
Cassino Fluminense – Empresa Vitor de Maio.
Hoje – Hoje – Hoje e Amanhã, domingo
Duas estupendas funções nunca vistas nesta capital. Exibir-se-á o Cinematógrafo do grande e nomeado Edison.
Esta última maravilha e grande descoberta tem chamado a atenção do mundo inteiro. Pela sua realidade, devem todos assistir à sua exibição que nos instrui.
Esta estupenda maravilha é produzida pela eletricidade, reproduzindo com a maior fidelidade todos os atos e movimentos das coisas da vida animada e qualquer das suas ações em tamanho natural.
Venham, pois, ao Cassino Fluminense ver a maior das descobertas deste século, que só assim poderão julgar da verdadeira realidade que tem atraído a atenção de toda a Europa e América e que, em tão pouco tempo, espalhou-se e impressionou a todos quantos têm assistido à sua exibição.
O espetáculo constará do seguinte:
1º) Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama (2 quadros).
2º) Uma dama preparando a sua toilette para ir a um baile.
3º e 4º) Uma dança de africanos (2 quadros).
5º) Chegada do trem em Petrópolis.
6º) Bailado de crianças.
7º) Boulevard des Italiens, em Paris.
8º) Escola de Patinação (2 quadros).
9º) Saída do pessoal de um fábrica.
10º) Um bailado, tendo os dançarinos na mão um chapéu de sol.
11º) Um almoço em família.
12º) Um circo de cavalinhos.
13º) Desfilar das tropas francesas.
14º) Praça da Concórdia, em Paris.
15º) Um professor de violino, lecionando às suas discípulas.
16º) Saída de devotos de uma igreja.
17º) Lavadeiras.
18º) Uma serpentina (bailarina).
N. B. – Para maior comodidade das exmas. famílias, resolvemos dar somente duas exibições, sendo a 1ª às 8 horas e a 2ª às 9,30.
A empresa desde já agradece o auxílio do ilustrado público desta bela capital.
O Secretário, Miguel Pellegrino.
A 4 de maio, assim noticiaria 'Gazeta de Petrópolis' a estréia:
'Foi aberta sábado à curiosidade do público petropolitano mais uma maravilhosa descoberta do grande sábio norte-americano, o famigerado Edison.
A exibição do cinematógrafo, esse estupendo aparelho que reproduz a fotografia animada com alternativas de nitidez, deu-nos alguns quadros verdadeiramente fantásticos, onde tudo concorre para a mais completa ilusão dos sentidos.
As exibições continuaram domingo e reaparecerão quinta-feira.'
De fato, na quinta-feira, 6 de maio, foi realizada a 3ª exibição do cinematógrafo. O número de filmes foi elevado para vinte e dois e o espetáculo passou a ter duas partes: uma constante da exibição do cinema e outra da audição de canto com o concurso das estrelas do teatro francês de mesdames Matilde Pillot e Berthe Bonneville.
Os preços de ingresso foram estes:
Camarotes, 12$000; Cadeiras de 1ª classe, 3$000; Ditas de 2ª classe, 2$000; Geral, 1$000.
E foi assim que Petrópolis conheceu a 'estupenda maravilha' do século XIX – o cinematógrafo. Como sempre, antecipando-se a muita cidade grande do país.
Na época, americanos e franceses reivindicavam a glória da descoberta: os primeiros, à sombra do Kinetoscope, de Edison; e os segundos, à do aparelho dos irmãos Lumière.
Petrópolis, tendo exibido o invento americano, se apressou, por isso, em apresentar o aparelho francês. E a 11 de dezembro do mesmo ano de 1897, era exibido no Salão do Bragança o cinematógrafo Lumière, montado pelo dr. Cunha Sales.
Tal qual aquêle sujeito que, entre a loura e a morena, escolheu ... as duas, o petropolitano, entre franceses e americanos, optou por ... ambos ...".
(acervo de Gabriel Kopke Fróes)

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