SÁ, RODRIX E GUARABIRA: nossos “BEATLES” caipira?
Reportagem de MÁRCIA MARIA
A amizade existia há cinco anos, mas a afinidade musical aconteceu no ano passado, quando descobriram uma nova fórmula de comunicação sonora através de suas músicas essencialmente rurais.
Luís Carlos Sá, José Rodrix e Gutemberg Guarabira, formam, no momento, o trio mais badalado dentro da música popular brasileira. O long-play “Passado, Presente e Futuro”, lançado por eles há poucos meses pela Odeon, está vendendo muito bem e tem provocado as mais estranhas e contraditórias opiniões por parte da crítica especializada. Muitos classificam suas composições como “caipiras”, outros descobriram traços medievais e houve até quem os comparasse aos Beatles, afirmando que eles estão criando um novo movimento dentro de nossa música. Tranquilos, tanto Sá, como Rodrix e Guarabira acham as considerações em torno de seu trabalho muito engraçadas e afirmam que não querem renovar nada, “apenas fazer sempre e cada vez melhor aquilo que consideramos legal em matéria de música”.
Um trio versátil
Os três se conheceram há cinco anos e transaram muito até a primeira gravação em conjunto. Tudo começou no ano passado, no Festival de Juiz de Fora, quando Zé Rodrix venceu com a música “Casa no Campo”. De volta ao Rio, por motivos sentimentais, Luís Carlos e Guarabira tinham se separado e estavam na fossa, surgindo então a ideia de se juntarem com Zé, isso se as coincidências musicais fossem favoráveis. Rodrix estava saindo do conjunto “Som Imaginário” e isso muito ajudou. Daí surgiu o LP mais comentado do momento, foi um pulo. As músicas do disco já andavam sendo tocadas pelo campo e gravadas em grandes presenças. E Guarabira quem contou:
— “Antes de gravarmos o LP, oferecemos nossas músicas a diversos cantores, mas ninguém fez muita fé. Agora que estamos fazendo relativo sucesso, todos vêm reclamar, querendo as mesmas músicas que antes não acreditavam. Tudo isso é muito engraçado. Na verdade, não temos nenhuma intenção de alçar música das antigas. A linguagem poética, e simbólica que utilizamos é justamente para aproveitar ao máximo a linguagem falada. Nós lidamos basicamente com as tradições do drama da MPB. Vamos gravar sempre o que considerarmos verdadeiramente representativo da nossa música, e por isso mesmo não pensamos em modismos passageiros. Somos, desde jovens, tranquilamente, da pausa para o samba, para o rock, balada ou até mesmo o samba.”
Decididos a continuar o trabalho juntos, Sá, Rodrix e Guarabira estão desde janeiro do novo ano muito no Teatro Opinião, expondo ao máximo o talento e as músicas já conhecidas. O show é considerado por eles o mais significativo, porque os colocou frente a frente com diversos nomes importantes da MPB. No próximo mês, depois de gravarem o segundo LP, o trio embarca para o México e os Estados Unidos, onde fará diversas apresentações públicas e comerciais. Assim que retornarem, Sá, Rodrix e Guarabira esperam que o sucesso no exterior do Brasil possa ser uma inspiração para novas músicas.

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