Edgar Allan Poe (1809-1849), o mestre do terror gótico e pai do conto policial, cuja obra mistura melancolia, horror psicológico e beleza macabra
Trecho de "O Coração Denunciador" (1843):
"É verdade! — nervoso — muito, muito terrivelmente nervoso eu estava e sou; mas por que insistem em dizer que sou louco? A doença aguçara meus sentidos — não os destruíra — não os embotara. Acima de tudo, era o olho... sim, aquele olho! Um olho pálido, azul, com uma membrana sobre ele. Sempre que me caía sobre ele, meu sangue gelava."
Este monólogo de um assassino obcecado pelo olho "de abutre" de sua vítima é um estudo perfeito da paranoia e culpa. O ritmo acelerado e repetitivo ("Nervoso — muito nervoso") imita a mente em colapso.
"O Corvo" (1845):
"E o Corvo, imóvel, pousa, pousa ainda
Sobre o busto pálido de Palas, logo acima da porta;
E seus olhos têm a aparência
Dos olhos de um demônio que sonha;
E a luz da lâmpada, sobre ele a escorrer,
Lança sua sombra no chão;
E minha alma, dessa sombra que flutua no chão,
Não se libertará — nunca mais!"
Neste poema gótico, o corvo repetindo "Nunca mais" ("Nevermore") torna-se um símbolo do luto inconsolável. A métrica e aliterações ("weak and weary") criam um efeito hipnótico.
Morte e Beleza: Fusão de imagens líricas e macabras ("Annabel Lee", "Ligeia").
Narradores Não-Confiáveis: Loucos, assassinos e moribundos contam suas histórias ("O Gato Preto", "O Barril de Amontillado").
Precisão Matemática: Poe defendia que cada palavra num conto deve servir ao clímax ("Filosofia da Composição").
"A Queda da Casa de Usher" (1839):
"Havia uma fissura quase imperceptível que se estendia da base do telhado até o solo. Eu a observei, e então — com um estrondo como se o mundo rachasse — a velha casa caiu sobre si mesma, tragando para sempre o último dos Usher nas águas negras do lago."
A casa como extensão da mente doentia de Roderick Usher é um dos primeiros exemplos de patrimônio gótico na literatura.
Poe inventou o detetive literário (C. Auguste Dupin em "Os Crimes da Rua Morgue").
Morreu misteriosamente aos 40 anos, encontrado delirante em Baltimore com roupas que não eram suas.
Sua frase "Tudo o que vemos ou parecemos é apenas um sonho dentro de um sonho" inspirou gerações de surrealistas.
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