Den stygge stesøsteren (The Ugly Stepsister, 2025), estreia na direção de Emilie Blichfeldt:
📖 Sinopse
Emilie Blichfeldt retoma o conto clássico de “Cinderella” sob o ponto de vista menos celebrado da feia meia‑irmã. Em um reino de fantasias escandinavas, Elvira (Lea Myren) luta contra a beleza imaculada de sua irmã de criação, Agnes (Thea Sofie Loch Næss), percorrendo caminhos cada vez mais violentos – de cirurgias brutais a dietas macabras – para conquistar o olhar do Príncipe Julian (Isac Calmroth)
🎬 Direção e estética
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Estreia marcante: Blichfeldt, também autora do roteiro, imprime uma linguagem que mistura o grotesco e o cômico, questionando padrões estéticos e dinâmicas de poder dentro do próprio universo de contos de fadas.
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Referências visuais: Com fotografia de Marcel Zyskind, o filme evoca a luz diáfana e o grão levemente “vintage” dos filmes de aventura da Nova Onda Tcheca (ex.: Valerie and Her Week of Wonders, Morgiana), embora tenha sido rodado digitalmente na Polônia]Produção de som e música: A trilha eletrônica assinada por Kaada e Vilde Tuv sustenta o ritmo, especialmente nos momentos de maior “estagnação” narrativa, adicionando uma pulsação quase industrial ao espetáculo de horror
🩸 Body Horror e satírico
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Corpo sob crítica: O núcleo de horror corporal – desde cílios costurados nos olhos até extrações internas perturbadoras – não serve apenas ao choque: é ferramenta de sátira social, expondo até que ponto a cultura da beleza devora seus próprios membros.
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Sequências emblemáticas: Críticas apontam cenas cujo grau de violência gráfica fez espectadores vomitarem no Festival de Sundance, onde o filme abriu a sessão Midnight em janeiro de 2025
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Humor negro: A combinação de momentos tão repulsivos que arrancam risadas desconfortáveis reforça o caráter metalinguístico da obra, lembrando o tom de Tale of Tales (Matteo Garrone)
🎭 Atuações
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Lea Myren (Elvira): Carrega o filme com uma performance física impressionante; seu grito gutural e expressões de agonia valem menções honrosas em premiações nacionais
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Thea Sofie Loch Næss (Agnes): Personifica a antagonista de beleza quase inumana, mas revela camadas de crueldade que desestabilizam a empatia do público.
💬 Temas centrais
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Padrões de beleza e auto‑ódio: O filme expõe como a busca pelo ideal molda – e deforma – corpos e mentes.
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Reinvenção de papéis: Ao colocar a “feia” no proscênio, subverte o arquétipo de vítima passiva.
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Feminismo e violência: Questiona a cumplicidade social na reprodução de estereótipos e punições corporais.
🏆 Recepção
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Crítica especializada:
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Metacritic registra 71/100 de metascore, com 87% de críticas positivas até o momento
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Variety destaca o “design de produção esplêndido” e os efeitos “grotescos e deliciosos” que reforçam o tom satírico Festivais:
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Sundance (23 jan 2025, Midnight Section)
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Berlim (16 fev 2025, Panorama)
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Den stygge stesøsteren é uma proposta ousada que renova o imaginário dos contos de fadas com body horror e humor ácido. A estreia de Emilie Blichfeldt conjuga referências de cinema de autor europeias, crítica social afiada e momentos de real desconforto, criando uma fábula amarga sobre os custos – literais e metafóricos – de se encaixar em moldes inalcançáveis.
Den Stygge Stesøsteren / The Ugly Stepsister
2025, dir. Emilie Blichfeldt








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