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| # Nunca a ficção científica mergulhou tanto no horror quanto em Alien |
ALIEN, O Oitavo Passageiro: sete tripulantes da nave espacial Nostromo encontram uma "coisa terrível" e são obrigados a lutar para sobreviver — contra o monstro, no cosmos. Para o pintor e designer suíço H. R. Giger, no entanto, não foi difícil idealizar o alien (o estranho) que inferniza a vida dos tripulantes, horroriza a plateia e enche os cofres da Fox. Giger confessa: “Desde criança sempre tive sonhos e pesadelos terríveis. E a melhor forma de afastá-los é pintar as coisas que aparecem na minha cabeça.” A julgar por Alien, o que surge na cabeça dele não é brincadeira — embora tenha sido muito bem aproveitado pelo diretor inglês Ridley (Os Duelistas) Scott.
Ao contrário de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Scott e sua numerosa equipe não estavam interessados em criar qualquer visão romantizada do espaço. O gosto pela aventura (estilo clássico B) à Guerra nas Estrelas permanece, mas nunca a ficção científica mergulhou tão profundamente no horror quanto em Alien. O que talvez se aproxime mais da realidade — como pudemos sentir com o Skylab. Sem sair da Terra.
E, em Alien, o homem está perdido no espaço. Prophecy coloca o inferno na Terra mesmo. E a corrida às bilheterias dos cinemas americanos parece demonstrar a existência de um verdadeiro torneio para ver quem consegue ser mais... horroroso. Enquanto isso, o páreo segue acirrado. O diretor de Prophecy, John Frankenheimer, por diversas vezes demonstrou certa preocupação social — como no velho Sete Dias de Maio — e retorna agora, em linhas paralelas.
Contando a história da assustada população de uma pequena cidade atormentada por um urso gigante, Frankenheimer traça uma parábola sobre a exploração do homem pelo próprio homem. A aterrorizada comunidade acredita que o monstro foi criado pelos índios das redondezas como forma de vingança. Esses indígenas, na realidade, haviam sido despojados de suas terras para que nelas se instalasse uma aldeia...
“Grande parte do público”, confessa Frankenheimer, “vai apenas aguardar as idas e vindas do urso. Mas, se muitos puderem perceber o sentimento de culpa que se abate sobre aquela população, já ficarei satisfeito.” Os críticos, no entanto, acham que Frankenheimer estava mesmo era mais interessado em explorar a habilidade — cada vez mais desenvolvida, diga-se — dos make-up men de Hollywood.
Antigamente, esses artistas se especializavam em criar cicatrizes no belo rosto de Marlene Dietrich (Testemunha de Acusação) ou em envelhecer precocemente James Dean (Assim Caminha a Humanidade / Giant). Nestes tempos de horror, esmeram-se na criação de monstros. O urso de Prophecy mostra, em superclose, o avanço dessa técnica — e o público, segundo consta, adota cada vez mais os seus “superarrepios”.
O urso de Prophecy. O monstro cósmico de Alien. Os americanos, na verdade — embora cientificamente inseridos na era espacial — continuam exorcizando seus “complexos de culpa” totemizados. Entre os dois filmes, a linha contínua parece ser: o homem não deve interferir nos desígnios da vida — seja aqui ou em outras galáxias. O quarto tiro em Dallas (em Kennedy), o Skylab desgovernado, e até mesmo aquela inflação tão subdesenvolvida (cerca de 1% ao mês) são monstros terríveis pairando sobre sua formação puritana.
Por isso, talvez, O Exorcista consiga tanto sucesso por lá, enquanto aqui chega a ser trivial ver Jece Valadão na televisão fazendo um charlatão religioso (A Voz do Além / Plantão de Polícia). Para enfatizar as “preocupações sociais” de sua obra, Frankenheimer ainda coloca outros temas em pauta: Talia Shire, grávida, esconde o fato do marido — um médico preocupado com os impactos da devastação florestal sobre o meio ambiente — e defensor das teses de controle de natalidade. É o conflito dentro do conflito. A grande confusão em meio a tantas outras — todas, naturalmente, pontuadas pelo onipresente urso gigante.
No torneio em busca do título de “campeão do horror”, outros filmes também ocupam espaço nas telas americanas. De forma mais ou menos efetiva, os resultados parecem altamente compensadores — pelo menos em termos de bilheteria e produtos derivados. Alien, por exemplo, já rendeu revista em quadrinhos, bonequinhos — seguindo a trilha consagrada por Guerra nas Estrelas. Os interessados em aprofundar-se, não importa em qual assunto, já perguntam: aonde tudo isso vai dar?
Certamente a todos os lugares — e a lugar nenhum. Afinal, Hollywood sempre foi assim. Explora o que está dando certo — da forma que está faturando. Amanhã pode ser o musical (e até seria melhor), ou a continuação de Alien. Apesar de todo o sociologuês, das “embalagens”, That’s entertainment.

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